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Ary barroso e lamartine babo: a história por trás de “no rancho fundo”

O compositor e músico Ary Barroso | Imagem: Reprodução

“No Rancho Fundo”, um clássico do samba-canção, nasceu da colaboração entre Ary Barroso e Lamartine Babo. A melodia original, no entanto, era de uma composição anterior de Barroso, intitulada “Esse Mulato Ainda Vai Ser Meu – Na Grota Funda”, com letra do caricaturista J. Carlos.

Na primeira versão, os versos iniciais diziam: “Na grota funda/Na virada da montanha/Só se conta uma façanha/Do mulato da Raimunda”.

Na época, Ary Barroso, recém-chegado ao Rio de Janeiro, compunha para peças teatrais no Teatro Recreio. Foi nesse contexto que “Na Grota Funda” estreou na trilha sonora da peça “É do Outro Mundo”, idealizada por J. Carlos, com interpretação de Araci Côrtes.

Lamartine Babo, presente nas primeiras apresentações da peça, ficou impressionado com a melodia de “Na Grota Funda”. Após o espetáculo, Babo procurou Barroso e manifestou seu desejo de escrever novos versos para a canção, mais condizentes com a beleza da composição. Assim, mesmo sem a autorização formal de Ary, Lamartine rebatizou a canção como “No Rancho Fundo”.

A nova letra, que conhecemos hoje, é de autoria de Lamartine Babo. Ele apresentou a canção com o Bando de Tangarás, acompanhado de Noel Rosa e Braguinha, no programa “Horas Lamartinescas” da Rádio Educadora, sem a permissão do autor da versão original.

A letra da nova versão narra a história melancólica e sensível de um camponês que vive isolado no alto de uma montanha. O público e os produtores se encantaram com “No Rancho Fundo”.

J. Carlos não aprovou a alteração da letra, realizada sem sua autorização, o que causou um desentendimento com Ary Barroso.

Em contrapartida, Ary gostou da nova versão e estabeleceu uma parceria duradoura com Lamartine Babo, resultando em outros sucessos da música popular brasileira, como “Grau Dez” e “Na Virada da Montanha”, popularizadas na voz de Francisco Alves.

A primeira gravação de “No Rancho Fundo” foi realizada em 1931, pela cantora Elisa Coelho, uma das favoritas de Ary Barroso, que tocou piano na gravação.

Ao longo dos anos, a canção ganhou diversas versões, incluindo as de Silvio Caldas (1939), Isaurinha Garcia (1948), Miltinho (1970), Eduardo Araújo (1971) e Ná Ozzetti (1988). No entanto, a versão mais popular surgiu em 1989, quando a dupla Chitãozinho & Xororó a gravou em seu LP “Os Meninos do Brasil”, integrando a trilha sonora da novela “Tieta” e consolidando-se como um marco da música popular brasileira.

Ary Barroso, um dos maiores nomes da música brasileira, deixou um legado vasto e atemporal. Nascido em Minas Gerais, em 1903, começou a estudar piano ainda criança e, aos 15 anos, já compunha. Em 1929, Mário Reis gravou duas canções de Ary Barroso: “Vou à Penha” e “Vamos Deixar de Intimidade”, marcando o início de seu sucesso popular.

Nos anos 1930, escreveu as primeiras composições para o teatro musicado carioca, onde surgiu a canção “Aquarela do Brasil”. Em 1944, recebeu o diploma da Academia de Ciências e Arte Cinematográfica de Hollywood pela trilha sonora do longa-metragem “Você já foi à Bahia?”, de Walt Disney.

Além disso, foi indicado ao Oscar de Melhor Canção Original, com a música “Rio de Janeiro”, do filme “Brasil”. A partir de 1943, manteve o programa “A Hora do Calouro”, na Rádio Cruzeiro do Sul, revelando novos talentos.

Ary Barroso compôs diversos sucessos consagrados por Carmen Miranda no cinema, sendo o compositor mais gravado pela artista. Ao todo, são conhecidas mais de 260 composições de sua autoria, incluindo choros, xotes, marchas, foxtrotes e sambas.

Ary Barroso faleceu em 1964, aos 60 anos, vítima de cirrose hepática, deixando um legado imensurável para a música brasileira.

Fonte: novabrasilfm.com.br

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