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Cinco canções que celebram a culinária brasileira

Revista Raca

A rica tapeçaria da cultura brasileira entrelaça a culinária e a música em uma simbiose perfeita. Ambas, expressões da alma nacional, nascem do encontro de povos, da mistura de ingredientes e ritmos, da inventividade de quem transforma escassez em abundância. Do samba ao forró, o ato de comer transcende a nutrição, elevando-se a uma forma de afeto e resistência. Em um país marcado pela desigualdade no acesso à mesa, celebrar a comida é, acima de tudo, um ato de afirmação da vida.

“Vatapá”, de Dorival Caymmi, é um dos primeiros exemplos dessa união. A canção descreve a preparação do prato baiano com lirismo e leveza. O vatapá, com seu sabor inconfundível e textura singular, personifica a miscigenação que define o Brasil. Mais do que uma ode à Bahia, a música reverencia a cozinha de matriz africana que moldou a base da gastronomia nacional.

Décadas mais tarde, Chico Buarque presenteou o público com “Feijoada Completa”, uma exaltação vibrante à culinária brasileira. Em ritmo de samba, a canção celebra a reunião, o convívio e o prazer de cozinhar para os amigos. A feijoada, prato emblemático da história brasileira, ressurge como um símbolo de resistência e partilha. Com sua ironia característica, Chico transforma a receita em poesia, enfatizando que compartilhar a mesa é um gesto político de união.

Djavan, por sua vez, em “Açaí”, elege a fruta amazônica como um ícone da brasilidade. A música funde sensualidade e natureza, revelando o alimento como metáfora de desejo e pertencimento. Cada palavra evoca cores e sabores intensos. O açaí, onipresente na cultura nortista, ganha, na voz de Djavan, a força de um elemento sagrado, quase místico.

Mart’nália, com “Tempero, Amor e Humor”, traduz o espírito carioca e a alegria de quem encontra na cozinha um espaço de troca e risadas. A artista demonstra que o segredo da vida reside na simplicidade e que a arte de cozinhar é, essencialmente, a arte de cuidar.

Em uma abordagem mais crítica, os Titãs lançaram “Comida”, uma canção que aborda a fome em suas dimensões física e simbólica. O verso “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte” tornou-se um manifesto social, lembrando que a fome se manifesta também na ausência de cultura, afeto e dignidade.

Apesar de suas particularidades, essas canções compartilham um elo comum: a capacidade de transformar o ordinário em extraordinário, revelando que o Brasil se nutre de sons, aromas e histórias. Ouvir essas músicas é como sentar à mesa com a alma brasileira. Cada prato se torna um ritmo; cada nota, um tempero. E, enquanto a música ecoar, a busca pela beleza permanecerá satisfeita.

Fonte: novabrasilfm.com.br

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