A saudosa Marinês, nome artístico de Inês Caetano de Oliveira, pernambucana de São Vicente Férrer, completaria 91 anos. Conhecida como a Rainha do Xaxado, a artista multifacetada – cantora, atriz e apresentadora – foi uma das figuras femininas mais proeminentes da música brasileira, desempenhando um papel crucial na popularização do xaxado em todo o país.
O xaxado, dança folclórica originária do sertão pernambucano, ganhou notoriedade através de Lampião e seu bando, sendo frequentemente praticado pelo cangaço para celebrar suas conquistas.
A história de Marinês na música começou de forma inusitada. Filha de um seresteiro e uma cantora de igreja, ela se mudou com a família para Campina Grande, Paraíba. Aos 10 anos, ao ouvir sobre um concurso de calouros pelos alto-falantes do bairro, decidiu participar.
Anos depois, enfrentando dificuldades financeiras, Marinês soube de outro concurso na Rádio Difusora de Campina Grande, cujo prêmio era cem mil réis e um emprego na rádio. Sabendo da desaprovação de seu pai à sua carreira como cantora, ela combinou com o irmão para que a levasse ao centro da cidade para se inscrever.
No momento da inscrição, adicionou “Maria” ao seu nome, tornando-se “Maria Inês”, para evitar o reconhecimento dos pais. No dia da apresentação, o locutor a anunciou erroneamente como “Marinês”, nome que ela adotou artisticamente.
No concurso, Marinês empatou em primeiro lugar com Genival Lacerda, dividindo o prêmio. Como Genival já trabalhava em outra rádio, Marinês assumiu o cargo de cantora oficial do Regional da Rádio Borborema, interpretando chorinho, serestas e músicas românticas, marcando o início de sua trajetória e ajudando sua família.
Essa foi a ignição de uma carreira de meio século, marcada por superar a oposição paterna e os desafios de um mercado musical predominantemente masculino, demonstrando seu talento ao interpretar ritmos nordestinos.
Em 1950, Marinês conheceu Abdias do Acordeon, com quem se casou e que lhe apresentou o repertório de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Encantada com o trabalho de Gonzagão, ela se tornou a voz feminina da música nordestina, integrando a “Patrulha de Choque do Rei do Baião”. Mais tarde, foi convidada por Gonzaga para suas apresentações e coroada como Rainha do Xaxado.
Luiz Gonzaga convidou Marinês e Abdias para seu apartamento, querendo saber se Marinês já havia dançado xaxado com outra pessoa ou apenas sozinha. Em um show em Sergipe, Luiz Gonzaga convidou o casal para o palco e explicou ao público a origem da dança.
Em 1957, Marinês gravou seu primeiro disco, “Vamos Xaxar com Marinês e sua Gente”, com composições de João do Vale, que misturavam quadrilha, baião, coco, xote e xaxado. O álbum consagrou duas músicas: “Pisa na Fulô” e “Peba na Pimenta”, vendendo mais de 700 mil cópias.
Ao longo de sua carreira, a Rainha do Xaxado lançou mais de 45 discos, com sucessos como “Saudade de Campina Grande”, “Xaxado da Paraíba”, “Desabafo”, “Botão de Rosa”, “Bate Coração”, “Cintura Fina”, “Eu Vi Sim” e “Forró das Cumadres”.
Marinês inspirou artistas como Nara Leão, Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Lulu Santos, Amelinha e Elba Ramalho, com quem fez parcerias.
Marinês faleceu em 14 de maio de 2007, aos 71 anos.
Fonte: novabrasilfm.com.br
