Marlene, a cantora, compositora e atriz nascida em São Paulo, foi uma figura central na Era do Rádio no Brasil. Celebrando seu aniversário, relembramos sua vida e carreira, destacando a trajetória dessa importante artista.
Nascida Victoria Bonaiuti em 24 de novembro de 1922, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, Marlene era filha de imigrantes italianos, Vittorio Bonaiuti, de Roma, e Antonietta De Martino, da Calábria.
Victoria estudou como interna no Colégio Batista Brasileiro dos nove aos quinze anos, onde se destacou no esporte e no coral da igreja. Após deixar o colégio, cursou contabilidade na Faculdade do Comércio, na Praça da Sé. Paralelamente, trabalhou como secretária e participou de uma federação de estudantes, que tinha um programa na Rádio Bandeirantes chamado “A Hora dos Estudantes”, onde começou a cantar. Foi nesse contexto que seus colegas escolheram seu nome artístico, em homenagem à atriz alemã Marlene Dietrich.
A partir de então, Marlene priorizou a carreira artística. Em 1940, estreou profissionalmente na Rádio Tupi de São Paulo, escondida da família. Em 1942, foi contratada pelo Cassino Império, no Recife, e, no ano seguinte, mudou-se para o Rio de Janeiro, cantando em cassinos até 1946, quando os jogos de azar foram proibidos.
Em seguida, a cantora juntou-se à orquestra de Carlos Machado na Boate Casablanca. Dois anos depois, tornou-se artista do Copacabana Palace, sendo promovida de crooner a estrela da casa. Também atuou na Rádio Mayrink Veiga e, posteriormente, na Rádio Globo.
Sua estreia em disco ocorreu em 1946, com os sambas “Suingue no Morro” e “Ginga, Ginga, Moreno”.
O sucesso nacional veio no carnaval seguinte, com a marchinha “Coitadinho do Papai”, acompanhada pelos Vocalistas Tropicais, que venceu o concurso oficial de músicas carnavalescas da Prefeitura do Distrito Federal.
Em 1948, Marlene estreou no programa “César de Alencar”, na Rádio Nacional, tornando-se uma das maiores estrelas da emissora e recebendo o slogan “Ela que canta e dança diferente”.
Ainda em 1948, foi contratada pela gravadora Continental, estreando com os choros “Toca, Pedroca” e “Casadinhos”, este último em duo com César de Alencar.
Em 1949, venceu o concurso de “Rainha do Rádio”, o que lhe rendeu um programa exclusivo na Rádio Nacional, chamado “Duas Majestades”, e um novo horário no programa “Manuel Barcelos”, onde permaneceu como estrela até o fechamento do auditório da Rádio Nacional.
Marlene manteve o título de “Rainha do Rádio” no ano seguinte e, em 1951, passou a coroa para Dalva de Oliveira.
Após o término de seu contrato com o Copacabana Palace, dedicou-se ao rádio, aos discos e, posteriormente, ao cinema e ao teatro.
A cantora gravou mais de quatro mil canções e foi um dos maiores mitos do rádio brasileiro em sua época de ouro. Sua popularidade também a levou ao cinema (11 filmes) e ao teatro (cinco peças), além de cinco peças de Teatro de Revista.
Marlene realizou turnês pelo Uruguai, Argentina e Estados Unidos, apresentando-se em hotéis renomados. Na França, apresentou-se por quatro meses e meio no Olympia de Paris, a convite de Édith Piaf, sendo a primeira cantora brasileira a se apresentar nesse palco.
Marlene também era compositora e teve seu samba-canção “A Grande Verdade” lançado por Dalva de Oliveira, em 1951.
Em 1952, casou-se com o ator Luís Delfino, com quem contracenou no filme “Tudo Azul” e apresentou o programa “Marlene, Meu Bem” no rádio e na TV. Eles ficaram juntos por 11 anos.
Na década de 60, participou dos festivais de música brasileira e teve uma música censurada.
Em 1972, puxou o samba-enredo da escola de samba carioca Império Serrano, homenageando Carmen Miranda, sendo a campeã do Carnaval daquele ano.
Em 1977, apresentou o programa “Levanta Poeira”, na TV Globo, com diversos convidados da música brasileira.
Em 1981, participou da novela “O Amor É Nosso”, interpretando Mayra, uma cantora que tenta recuperar a carreira.
Marlene faleceu em 13 de junho de 2014, aos 91 anos. Seu último disco, “Marlene: a Rainha e os artistas do Rádio”, foi lançado em 2008.
Fonte: novabrasilfm.com.br