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I love la: amizades e desilusões em los angeles

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O quarto episódio de I Love LA se destaca como o mais caótico e intrigante da temporada. Longe de ser um problema de roteiro, essa característica parece ser uma escolha consciente, abraçando o absurdo para expor uma verdade recorrente na série: a dificuldade de construir amizades genuínas em uma cidade moldada por algoritmos, fama e relações superficiais. O resultado é um episódio que oscila entre o estranho, o desconfortável, o engraçado e o profundamente crítico.

Este capítulo transforma um simples passeio em Los Angeles em uma espiral de ansiedade, desinformação e encontros com celebridades desajustadas.

Tallulah se vê confrontada com o lado sombrio e artificial da influência digital. O episódio começa com o grupo se preparando para uma festa extravagante, organizada por Quen, uma influenciadora tão poderosa que sua presença altera as dinâmicas sociais. Enquanto Maia tenta manter sua posição como melhor amiga de Tallulah, a protagonista se distancia cada vez mais.

Ao receber uma bolsa da Balenciaga, Tallulah demonstra sua crescente imersão na lógica da influência. Na festa de Quen, ela percebe que, no mundo dos criadores de conteúdo, nada é espontâneo. A gravação de um simples TikTok exige iluminação profissional, figurino meticulosamente escolhido, coreografias ensaiadas e a música viral do momento, mesmo que não reflita a identidade de Tallulah.

A confusão se intensifica quando Tallulah menciona os camarões que pediu e Quen reage como se ela estivesse delirando. Quen está completamente consumida pela necessidade de se manter relevante, transformando tudo em uma performance.

O ponto alto do surrealismo acontece quando Tallulah tenta escapar e encontra uma “sala de descanso” que, na verdade, é uma click farm. Lá, inúmeras pessoas passam horas curtindo vídeos para impulsionar o engajamento, uma representação satírica da indústria digital. É nesse momento que Tallulah decide fugir, percebendo que também seria moldada naquele ambiente.

Enquanto Tallulah enfrenta seu inferno digital, Maia e Alani exploram uma área restrita da casa. Lá, descobrem que Elijah Wood está no andar de cima, e Alani entra em colapso, dominada por uma paixão súbita.

O encontro com Elijah é simultaneamente bizarro e hilário. Ele está sozinho, assistindo Os Simpsons, sob o efeito de alguma substância e com a memória falha. A cena, com Elijah na cama e as meninas no chão, assume uma aura quase cult, reforçada quando ele insiste que ninguém pode usar roupas da rua em sua cama.

Quando o ator oferece roupões, Maia e Alani interpretam como um convite para um ménage, e o caos se instala. Elijah se desespera ao perceber que elas tiraram as roupas e, em um monólogo tragicômico, revela que nenhuma mulher jamais quis ser apenas sua amiga, expondo as inseguranças do mundo das celebridades.

As meninas fogem desorientadas, convencidas de que quase foram assassinadas por um hobbit. Uma piada que a série equilibra entre o absurdo e o desconforto.

Charlie, por sua vez, vive sua própria comédia de erros. Ele conhece um homem interessante e, por um instante, acredita que terá sorte no amor. No entanto, descobre que o rapaz é Lucas Landry, cantor do hit viral usado por Quen.

Ao segui-lo até o carro para “buscar gelo”, Charlie percebe que interpretou tudo errado – Lucas não é gay. Apesar disso, o encontro se torna uma oportunidade: o cantor o convida para acompanhá-lo em uma residência em Las Vegas para divulgar sua “mensagem de amor e Deus”. Para alguém que está profissionalmente à deriva desde o escândalo com Mimi, isso pode representar um novo caminho.

O episódio 4 de I Love LA termina com o grupo reunido em um carro de aplicativo, rindo nervosamente das situações bizarras da noite. Quando Charlie comenta que “qualquer homem pode matar vocês”, o motorista começa a rir de forma sinistra, em um momento que combina humor, paranoia e as tensões da vida na cidade.

No final, I Love L.A. oferece um episódio intencionalmente caótico. É confuso, desconfortável e frenético, refletindo a tentativa de existir em uma cidade onde tudo é imagem, performance e incerteza. É nessa característica que reside sua força: por trás das piadas e do nonsense, há uma crítica à cultura da influência e ao colapso emocional que ela pode gerar.

Fonte: mixdeseries.com.br

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